Testemunho ou Tristemunho?
Reflexão bíblica sobre o verdadeiro propósito de glorificar a Deus
Introdução
O momento do testemunho nas igrejas evangélicas sempre foi uma oportunidade preciosa para edificar os irmãos e glorificar a Deus. É o espaço onde se compartilha a ação de Deus em nossas vidas e o poder transformador da fé. Contudo, tem se tornado comum observar pessoas que transformam esse momento em longos relatos de sofrimento e tragédias, deixando o agir de Deus em segundo plano. O resultado é que, em vez de saírem edificados, os ouvintes saem entristecidos, carregando mais dor do que fé. Surge, então, o que podemos chamar de “tristemunho” — um relato que mais entristece do que testemunha.
O perigo do foco errado
O apóstolo Paulo nos ensina em Filipenses 4:8:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”
O foco do testemunho deve ser a glorificação de Deus, e não o detalhamento exaustivo do sofrimento. Quando alguém usa 95% do tempo descrevendo dificuldades e apenas 5% exaltando a intervenção divina, o testemunho perde o seu verdadeiro propósito.
Em vez de “testemunho”, surge o “tristemunho”, no qual a tristeza domina o ambiente e a glória de Deus se perde no meio dos detalhes desnecessários.
O verdadeiro propósito do testemunho
Jesus deixou claro em Mateus 5:16:
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”
O testemunho tem como objetivo central glorificar a Deus. O sofrimento pode ser mencionado, mas o destaque deve ser o livramento, a cura, a restauração. O apóstolo Paulo, ao relatar suas prisões e provações, sempre encerrava glorificando Cristo:
“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Romanos 8:37)
Ele falava das dificuldades, mas terminava com vitória e louvor.
O risco da autopiedade espiritual
Relatos extensos de sofrimento podem ser uma forma disfarçada de buscar atenção. A pessoa deseja que os outros sintam pena, em vez de glorificar a Deus. Esse comportamento desloca a adoração do Senhor para o próprio “eu”.
João Batista nos lembra em João 3:30:
“É necessário que Ele cresça e que eu diminua.”
Quando damos mais espaço à dor do que à glória de Deus, fazemos exatamente o contrário: diminuímos Cristo e exaltamos o sofrimento.
Como testemunhar biblicamente
Para que o testemunho seja edificante e glorifique a Deus, é importante:
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Ser breve nos detalhes do sofrimento — apenas o necessário para contextualizar.
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Dar ênfase no agir de Deus — mostrar como Ele interveio, curou, salvou ou restaurou.
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Relacionar com a Palavra — conectar a experiência com princípios bíblicos que fortalecem a fé.
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Glorificar o Senhor — terminar exaltando o nome de Deus, não a própria superação pessoal.
Conclusão
O verdadeiro testemunho é aquele que faz a igreja olhar para cima, e não para baixo. Ele deve deixar no coração dos ouvintes a certeza de que Deus ainda faz milagres. O “tristemunho”, por outro lado, gera desânimo e tristeza espiritual.
Se Deus operou em sua vida, compartilhe com alegria! Mostre o livramento, o milagre, a transformação. Deixe Cristo ser o protagonista da sua história. Afinal, o testemunho não é sobre o tamanho da sua dor, mas sobre o tamanho do Deus que te levantou.
“Anunciarei o teu nome a meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.” (Salmo 22:22)
Que cada palavra dita diante da igreja seja luz, não lamento; edificação, não emoção desordenada. Que nossos testemunhos nunca sejam “tristemunhos”, mas cânticos de vitória, proclamando ao mundo que o nosso Deus ainda faz maravilhas!